Frigoríficos avícolas têm vagas
sobrando no Paraná
Rui Amaro Gil Marques
Da Assessoria de Comunicação do Sintrial/FTIAPR
Os frigoríficos de
aves no Paraná vivem um momento de plena produção. O estado responde por cerca
de 28% do frango produzido no País tendo superado a marca de 100 mil toneladas
exportadas por mês, gerando receita acima de US$ 200 milhões em negociações com
países como Arábia Saudita, China e Japão.
O bom momento
econômico do setor contrasta com a dificuldade em encontrar mão de obra para
manter a produção aquecida. Nos 33 frigoríficos espalhados pelo estado já é
comum 'importar' trabalhadores de outras localidades e até de outros países
como haitianos e paraguaios para suprir a crescente demanda. Ainda assim, a
rotatividade e a falta de mão de obra no setor de produção é grande.
"Vivemos um
apagão de mão de obra. Quase todas as empresas apresentam vagas. Continuamos
com um crescimento muito bom, acima do PIB nacional, mas há dificuldade em
encontrar trabalhadores", afirma o presidente do Sindicato das Indústrias
de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins,
empresário do setor no município de Arapongas, norte do estado.
O 'apagão', segundo
Martins, não se justifica pela falta de qualificação dos funcionários, mas sim
pelo desinteresse de quem está entrando no mercado de trabalho. "Nossas
atividades são simples, acessíveis, e todos recebem treinamento. O jovem de 18
anos não se interessa em trabalhar por um salário na atividade industrial. Em
outras épocas, o trabalho não era tido como castigo, era atividade para começar
a crescer na empresa", avalia, lembrando que as vagas disponíveis são para
serviços gerais, recepcionistas, departamento financeiro, vendas, entre outros.
O setor emprega cerca de 60 mil trabalhadores de forma direta no Paraná.
Baixos Salários e Péssimas
Condições de Trabalho
Já para o presidente
da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Paraná
(FTIAPR), Ernane Garcia, uma das causas da falta de mão de obra no setor
frigorífico em geral são os péssimos salários, as péssimas condições de
trabalho, o desrespeito aos direitos dos trabalhadores, o assédio moral e as
extensas jornadas de trabalho que resultam em problemas de saúde para os
trabalhadores irreversíveis na maioria das vezes. “Se não fosse a pressão e a
vigilância dos sindicatos do setor aqui no Paraná a realidade ainda seria muito
pior” afirma Ernane Garcia.
Atrativo - Na
tentativa de atrair funcionários, o frigorífico Granjeiro, de Rolândia, adotou
uma estratégia de valorização para quem traz novos colaboradores para a
empresa. Chamado de "indicação premiada", a campanha oferece R$200 em
compras em um supermercado da cidade a quem indicar um funcionário que tenha
passado do período de experiência. Caso o novo colaborador complete seis meses
de empresa, o responsável pela indicação ganha mais R$200.
NR 36 dos Frigoríficos
Ainda segundo Ernane
Garcia os sindicatos ligados a FTIAPR estão realizando uma segunda Caravana
pelos frigoríficos do estado para informar aos trabalhadores sobre a
implantação da NR 36 que trouxe mudanças significativas para o funcionamento
das empresas do setor.
“Estamos visitando
todos os frigoríficos do estado e temos visto que em muitas dessas empresas os
trabalhadores ainda são tratados como escravos, sem direitos e castigados por
qualquer motivo. Atestados médicos não são considerados pelas empresas e os
trabalhadores sofrem descontos de toda a ordem em seus salários. Mas com a
implantação da NR 36 teremos mais poder para fiscalizar o setor e coibir esses
abusos”, finalizou Garcia.