terça-feira, 30 de julho de 2013

FRIGORÍFICOS E AVÍCOLAS

Frigoríficos avícolas têm vagas sobrando no Paraná

Rui Amaro Gil Marques
Da Assessoria de Comunicação do Sintrial/FTIAPR



Os frigoríficos de aves no Paraná vivem um momento de plena produção. O estado responde por cerca de 28% do frango produzido no País tendo superado a marca de 100 mil toneladas exportadas por mês, gerando receita acima de US$ 200 milhões em negociações com países como Arábia Saudita, China e Japão.

O bom momento econômico do setor contrasta com a dificuldade em encontrar mão de obra para manter a produção aquecida. Nos 33 frigoríficos espalhados pelo estado já é comum 'importar' trabalhadores de outras localidades e até de outros países como haitianos e paraguaios para suprir a crescente demanda. Ainda assim, a rotatividade e a falta de mão de obra no setor de produção é grande.

"Vivemos um apagão de mão de obra. Quase todas as empresas apresentam vagas. Continuamos com um crescimento muito bom, acima do PIB nacional, mas há dificuldade em encontrar trabalhadores", afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, empresário do setor no município de Arapongas, norte do estado.

O 'apagão', segundo Martins, não se justifica pela falta de qualificação dos funcionários, mas sim pelo desinteresse de quem está entrando no mercado de trabalho. "Nossas atividades são simples, acessíveis, e todos recebem treinamento. O jovem de 18 anos não se interessa em trabalhar por um salário na atividade industrial. Em outras épocas, o trabalho não era tido como castigo, era atividade para começar a crescer na empresa", avalia, lembrando que as vagas disponíveis são para serviços gerais, recepcionistas, departamento financeiro, vendas, entre outros. O setor emprega cerca de 60 mil trabalhadores de forma direta no Paraná.


Baixos Salários e Péssimas 
Condições de Trabalho


Já para o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Paraná (FTIAPR), Ernane Garcia, uma das causas da falta de mão de obra no setor frigorífico em geral são os péssimos salários, as péssimas condições de trabalho, o desrespeito aos direitos dos trabalhadores, o assédio moral e as extensas jornadas de trabalho que resultam em problemas de saúde para os trabalhadores irreversíveis na maioria das vezes. “Se não fosse a pressão e a vigilância dos sindicatos do setor aqui no Paraná a realidade ainda seria muito pior” afirma Ernane Garcia.

Atrativo - Na tentativa de atrair funcionários, o frigorífico Granjeiro, de Rolândia, adotou uma estratégia de valorização para quem traz novos colaboradores para a empresa. Chamado de "indicação premiada", a campanha oferece R$200 em compras em um supermercado da cidade a quem indicar um funcionário que tenha passado do período de experiência. Caso o novo colaborador complete seis meses de empresa, o responsável pela indicação ganha mais R$200.

NR 36 dos Frigoríficos

Ainda segundo Ernane Garcia os sindicatos ligados a FTIAPR estão realizando uma segunda Caravana pelos frigoríficos do estado para informar aos trabalhadores sobre a implantação da NR 36 que trouxe mudanças significativas para o funcionamento das empresas do setor.


“Estamos visitando todos os frigoríficos do estado e temos visto que em muitas dessas empresas os trabalhadores ainda são tratados como escravos, sem direitos e castigados por qualquer motivo. Atestados médicos não são considerados pelas empresas e os trabalhadores sofrem descontos de toda a ordem em seus salários. Mas com a implantação da NR 36 teremos mais poder para fiscalizar o setor e coibir esses abusos”, finalizou Garcia.

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